Um Ano Atarefado | Leo Lionni | Kalandraka
Os livros de Leo Lionni não têm idade. Independentemente de terem sido escritos há vinte, cinquenta ou mais anos, continuam a encantar as crianças de hoje como fizeram com as anteriores gerações que os leram. A genial e inspiradora simplicidade que percorre toda a sua obra fará sempre as delícias dos mais pequenos. Os livros atingiram, há muito, o estatuto de clássicos e o autor perpetuou o seu lugar no panorama da literatura para os mais novos. A arte preencheu-lhe os sonhos desde criança, mas foi já com meio século de vida que abriu a porta a este universo. Da famosa viagem de comboio com os netos surgiu essa pérola que é Pequeno Azul e o Pequeno Amarelo. Seguiram-se mais de 40 títulos, sempre aclamados pela crítica e amados pelos leitores.
Lionni é o rei das fábulas. Não no sentido literal, impregnadas de moral, mas como janelas abertas para um mundo que os mais pequenos reconhecem e com que, facilmente, se identificam. As suas histórias falam de amizade, partilha, tolerância, aceitação, solidariedade... Os pequenos animais que protagonizam as suas histórias preencheram a sua infância, já que era um coleccionador nato. Quando cresceu, transformou-os nos seus e nossos "heróis". Frederico é o exemplo perfeito. É o poeta que nos faz acreditar nas palavras e nos sonhos. Tal como Mateus, o artista que os pinta.
Em Um Ano Atarefado, o autor traz de volta os pequenos ratos a que deu vida de forma inconfundível. Desta feita, os protagonistas são Alice e Artur, dois ratitos gémeos com um enorme coração que se tornam amigos de uma árvore, de seu nome Flora. Uma amizade que vai crescendo e atravessa as quatro estações do ano. Os pequenos preocupam-se com Flora, com o facto de ela não se conseguir mover do lugar onde as suas raízes se agarram à terra e com as adversidades que o tempo lhe pode reservar: neve, chuva, vento, sol intenso.
A cada dupla página corresponde um mês do ano e os pequenos leitores vão observando as transformações de Flora. A queda das folhas, o surgimento dos primeiros rebentos, o nascimento das flores e dos frutos. Alice e Artur são visitas de todos os dias, atentos a todas as etapas da vida da amiga. Ela tranquiliza-os, falando-lhe dos benefícios que a mãe natureza dispensa ao seu crescimento e desenvolvimento. Só os humanos a preocupam. Flora divide com os amigos o seu medo do perigo de incêndios. Mas, no momento certo, os gémeos estão lá, revelando a generosidade e o espírito de ajuda que os amigos nunca recusam. Num cenário estático e de sóbria simplicidade, este é um livro onde os mais pequenos se sentem em casa e onde voltam vezes sem conta.